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Neste artigo, a pesquisadora Débora Moreti, aborda como a ciência e os cientistas, começam a ganhar reconhecimento da população neste momento de pandemia. Nada mais merecido! Boa leitura!
Débora Monteiro Moretti
Abril 2020
Com a pandemia do COVID-19 e a corrida alucinada para se produzir testes diagnósticos e respiradores
mecânicos, a comunidade científica clama por ter a oportunidade de se tornar reconhecida novamente. A
aparição da ciência na mídia tem crescido de forma exponencial, pois só com a ciência podemos contar para
desenvolver novos tratamentos e métodos preventivos como as vacinas, para que possamos combater a
epidemia e frear sua evolução. A aula Magna da Fiocruz, transmitida online, bateu cinco mil pessoas, um fato
histórico. O virologista Atila Iamarino virou uma personalidade no Brasil (com todo o mérito). É possível que,
finalmente, as pessoas saibam responder à pergunta “você conhece um cientista brasileiro?”, de modo que a
resposta seja outra além de Carlos Chagas ou Oswaldo Cruz.
Junto com sofrimento, a crise traz uma série de reformulações. Pode ser que um novo relacionamento entre
cientistas e não-cientistas seja criado e a sociedade esteja “aprendendo” a ver a ciência com outros olhos.
Mas e o que os cientistas podem aprender com isso? O fluxo de conhecimento e a aprendizagem deveriam ser
do tipo mão-dupla, não?
De um lado pode ser que os cientistas busquem ressignificar o que é estatisticamente significativo, em momentos
de necessidade sem precedência. O colunista da Folha de São Paulo Helio Beltrão chamou alguns cientistas de
“cautelosos radicais” e disse que “a comunidade médico-científica está sendo irresponsável em sua cautela
radical com relação à hidroxicloroquina (HCQ)”, uma vez que o uso do remédio não passou pelos métodos
rigorosos de forma completa, como deveria passar – temos apenas indicações.
De outro lado, o que a ciência pode estar fazendo de errado para não ser reconhecida? Ou melhor, o que a
ciência está fazendo AGORA que está trazendo reconhecimento? Não somente a geração de vacinas ou
medicamentos é importante e está presente há anos nas rotinas dos laboratórios, mas também estamos
observando a produção de novos kits de diagnósticos, focando em testes rápidos, eficientes e de baixo custo.
Multiplicam-se notícias sobre o desenvolvimento de ventiladores mecânicos, também de baixo custo e fácil
produção. Observação importante: muitas soluções têm vindo do nordeste, do norte, não somente do sudeste
e sul.
As universidades são um grupo importantíssimo na luta contra a pandemia e ela está desenvolvendo e fabricando
PRODUTOS, cuja sociedade DEMANDA. Está parecendo que a universidade está colocando todo o seu
conhecimento em PRÁTICA.
Será que também não é por isso que estamos sendo reconhecidos? Será que o valor que as universidades podem
gerar não está além do conhecimento, porém voltado a resolver problemas pujantes na sociedade?
Assim me pergunto, por que não fazemos disso uma rotina?
A ciência básica é importante? SIM
A divulgação científica é crucial para construir pontes? ÓBVIO
Gerar produtos e serviços para a sociedade é (uma das) responsabilidade(s) da universidade? Não saber
responder essa pergunta de forma clara e consciente parece complicado.
Isso significa que todos os pesquisadores universitários precisam fazer tudo? Claro que não. Cada ciência tem
seu significado e cada linha de pesquisa uma aplicabilidade ou uma motivação diferente. Além disso,
universidade não é empresa e nunca deverá funcionar como uma. Educação pública e de qualidade é condição
sine qua non para a igualdade social.
Mas vejam o que está escrito nos objetivos gerais do estatuto da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que
figura entre as melhores universidades da América Latina:
VIII – estimular o conhecimento de problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais;
IX – prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
Por enquanto, a única forma de demonstrar o que a universidade faz (além do óbvio que é a troca com os alunos
que se formam) é através da extensão, ou seja, a divulgação científica. Isso está escrito no objetivo 12:
XII – a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
Mas agora estamos mostrando nossa capacidade de muitas outras formas. Mostramos capacidade de
articulação, colaboração e naturalmente de resolução de problemas que a sociedade enfrenta. Deve ser objetivo
da universidade fazer lucro e atuar no mundo capitalista atual? Claro que não. Isso destoa de todos os seus
princípios. Da mesma maneira, é absolutamente importante que a pesquisa seja independente, tanto de
interesses políticos quanto de interesses econômicos. Ter a pesquisa dominada por oligopólios está longe de ser
um bom horizonte.
Já passou da hora da comunidade científica, como um todo, repensar sua conexão com a sociedade. Repensar
seus processos, sua maneira de lidar com o dinheiro público, sua estrutura politizada. Já também passou da hora
do governo entender que colocar dinheiro simplesmente não leva ninguém a lugar algum. É preciso criar novos
incentivos, desburocratizar os processos, fomentar o desenvolvimento de tecnologia pelas pequenas empresas.
A despeito dos muitos desafios, naturalmente a ciência brasileira precisa muito de mais investimento, mas como
diz o ditado, que nunca comeu melaço, quando come, se lambuza.
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