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A doença dos legionários é causada por bactérias da espécie Legionella, sendo a L. pneumophila a espécie mais virulenta e a mais comum causadora desta doença.
A legionelose é transmitida principalmente por inalação de aerossóis infecciosos. Como fontes confirmadas cientificamente de Legionella temos uma variedade de sistemas artificiais de água, como torres de resfriamento, efluentes/estações de tratamento de águas residuais, umidificadores de ambiente, máquinas de gelo, máquinas de névoa/fumaça, sistemas de ar condicionados, fontes termais, hidromassagem. Como fontes potenciais, até o momento temos descritos equipamentos médicos diversos, equipamentos dentários que geram aerossóis e água da chuva.
Recentemente, na Itália, foi reportado um caso de legionelose em um homem após voltar ao trabalho. Este foi infectado pela bactéria por gotículas aspiradas provenientes da lava louças. Nesta época de pandemia por COVID-19, a Itália entrou em completo lockdown e assim permaneceu por, no mínimo, 2 meses. É muito provável que a Legionella se instalou na lava louças devido ao ambiente propício que foi fornecido quando o aparelho não foi mais utilizado.
Nesta última sexta-feira, dia 7/08/2020, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), órgão americano de controle e prevenão de doenças, divulgou um anuncio aos funcionários que alguns escritórios alugados na área de Atlanta seriam fechados novamente depois que os administradores das propriedades dos edifícios descobriram Legionella em fontes de água nos locais. Nenhum funcionário ficou doente.
Nestes dois exemplos fica evidente a necessidade de se fazer a vigilância constante para este microrganismo, principalmente após longos períodos de pausa.
Em junho, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a NBR 16824 que especifica os métodos para gerenciamento de risco e práticas para a prevenção de legionelose associada aos sistemas prediais coletivos de água de edificações industriais, comerciais, de serviços, públicos e residenciais. O processo utilizado para a avaliação de risco de Legionella visa identificar, monitorar e controlar riscos dos sistemas de água prediais, que podem envolver contaminações de origem físico-químicas ou biológicas. O levantamento dos pontos críticos na edificação deve contar com a participação de funcionários das edificações, fornecedores (que podem ser laboratórios de análise de água ou empresas de tratamento de água), consultores ou a combinação desses.
Quais medidas de controle devem ser aplicadas para limitar o crescimento e a propagação de Legionella?
- Dosagem de Biocida (cloração): fazer a manutenção da concentração de solução biocida adequada nos
sistemas de água ajuda a diminuir a presença de Legionella de vida livre; - Limpeza de caixas d’água e reservatórios: realizar a limpeza de caixa d’água e reservatórios com tecnologias
que removam os biofilmes ajuda a remover as células bacterianas de Legionella ali albergadas; - Análises de água: a realização periódica de análises de água ajuda a verificar a presença das células
bacterianas de Legionella.
Referências:
CUNHA, B. A.; BURILLO, A.; BOUZA, E. Legionnaires’ disease. Lancet (London, England), v. 387, n. 10016, p. 376–385, 23 jan. 2016.
HORBERRY, M. C.D.C. Closes Some Offices Over Bacteria Discovery. The New York Times, 8 ago. 2020.
LEUNG, Y.-H. et al. Epidemiology of Legionnaires’ Disease, Hong Kong, China, 2005−2015. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n. 8, p. 1695–1702, ago. 2020.
PALAZZOLO, C. et al. Legionella pneumonia: increased risk after COVID-19 lockdown? Italy, May to June 2020. Euro Surveillance: Bulletin Europeen Sur Les Maladies Transmissibles = European Communicable Disease Bulletin, v. 25, n. 30, 2020.
VAN HEIJNSBERGEN, E. et al. Confirmed and Potential Sources of Legionella Reviewed. Environmental Science & Technology, v. 49, n. 8, p. 4797–4815, 21 abr. 2015.
Lina Rachel Leite Barrueto
Bióloga, Mestra em Microbiologia
Doutoranda em Biotecnologia
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